A falha global na infraestrutura da Amazon Web Services (AWS), na segunda-feira (20), deixou serviços como Facebook, Snapchat, Amazon, Epic Games e Roblox fora do ar em várias partes do mundo e os reflexos chegaram também a São José do Rio Preto. Durante o apagão, moradores da cidade relataram falhas em transferências via PIX e instabilidade em aplicativos de pagamento, enquanto outras plataformas enfrentavam lentidão e quedas.
O problema teve origem em servidores da região US-EAST-1, na Virgínia (EUA), um dos principais centros de dados da Amazon, e afetou parte da estrutura global da nuvem. No Brasil, além de redes sociais e sites de e-commerce, aplicativos como iFood, PicPay e OLX também ficaram instáveis. Embora o serviço tenha sido restabelecido em poucas horas, os efeitos, como atrasos e falhas pontuais, se estenderam por todo o dia.
Para o advogado Leon Fagiani, especialista em tecnologia e associado da Apeti (Associação de Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação de Rio Preto), o episódio acende um alerta sobre a dependência de infraestruturas digitais estrangeiras.
“Se uma empresa de saúde, segurança ou finanças usa a nuvem da AWS e o sistema cai, há uma cadeia de responsabilidades jurídicas entre contratante e contratado e até com terceiros prejudicados”, explica Leon. “Mas o ponto mais relevante é o alerta que esse tipo de falha traz: o Brasil precisa de infraestrutura própria, autônoma e soberana para não depender de data centers que estão a milhares de quilômetros daqui.”
O advogado lembra que a recente Medida Provisória Redata, lançada pelo governo federal, incentiva a criação de data centers no país, justamente para reduzir a dependência de provedores internacionais e garantir mais segurança digital. “Auditar um servidor nos Estados Unidos é muito mais complexo do que fiscalizar um instalado no Brasil. Quando há falhas, distâncias e tensões geopolíticas dificultam qualquer resposta rápida”, afirma.
Segundo Leon, o apagão deve servir de lição para o país sobre a importância de investir em infraestrutura local, políticas públicas de tecnologia e formação de profissionais. “Soberania digital não é apenas um tema técnico. É sobre segurança, autonomia e o futuro do Brasil”.
